terça-feira, 25 de outubro de 2011

Bem-aventuranças, o sermão

Um tema recorrente neste blog é a bem-aventurança. É um conceito que li primeiro em Joseph Campbell no Poder do Mito, mas foi e continua a ser utilizado por diversos autores. A ideia básica proposta é de você buscar sua felicidade. Ir atrás daquilo que vai ser melhor para você. Tanto que a frase clássica de Campbell e que ilustra a primeira página deste sítio virtual diz: "Persiga a sua bem-aventurança e não tenha medo, que as portas se abrirão, lá onde você não sabia que havia portas". Ou seja, vá atrás do que você sonha, quer, deseja, pois você vai alcançar. Óbvio que nada nesta vida é fácil, mas com persistência e sem se deixar abater com eventuais fracassos, a vitória é alcançada.
     Mas estou dizendo tudo isso porque, não por acaso, um dos sermões de Jesus trata especificamente da bem-aventurança. É o famoso Sermão da Montanha. Acho que foi Gandhi quem disse uma frase que retrata bem a importância filosófica deste pronunciamento: se tudo o que Jesus escreveu fosse destruído, mas este sermão fosse conservado, já teríamos preservado todos os seus ensinamentos. Como em tudo que diz respeito às palavras de Cristo, há muito simbolismo em suas palavras e inúmeras são as interpretações. Até o fato dele ter proferido o sermão no alto de uma montanha teria um significado espiritual. Algo como estar mais próximo de Deus. A elevação representaria simbolicamente uma ligação entre o céu e a terra.
     No caso deste sermão de Jesus, as bem-aventuranças que ele menciona nada mais seriam do que degraus de acesso ao topo desta montanha. Em outras palavras, seguindo aqueles ensinamentos do discurso qualquer um poderia chegar mais perto de Deus. Gregório de Nissa, um místico grego que viveu no século IV, já fazia naquela época interpretações nesta linha. Para ele, a montanha é o lugar onde seguimos Jesus para subir de nossas ideias baixas e limitadas para a montanha espiritual da mais nobre contemplação.
     Não sei quanto a vocês, mas para mim tudo isso tem tido um impacto muito grande. É como se um véu fosse levantado. E curiosamente vou esbarrando sem querer em conteúdo que vai me abrindo outras portas. Dia desses estava no shopping e para fazer uma hora entrei na livraria. Olhava as estantes despreocupadamente quando vi um livrinho (no tamanho, não na qualidade) com um título interessante: "Bem-aventuranças. Caminho para uma vida feliz". Peguei a obra e fui ver seu interior. Para minha surpresa, era uma explicação trecho a trecho do sermão da Montanha escrito por Anselm Grün, um monge beneditino alemão de quem eu  nunca tinha ouvido falar. O fato é que o livro é bem escrito, fluente, acessível e com muitas informações interessantes. Fui ver se ele tinha outras obras e fiquei espantado com a quantidade de títulos publicados. Comprei este da bem-aventurança e outros que explicam os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.
     Enfim, estou mergulhado no tema e fascinado com as descobertas. A interpretação simbólica da montanha que mencionei há pouco, por exemplo,  foi tirada deste livro de Anselm Grün. Nos próximos posts vou compartilhar algumas de suas revelações sobre o sermão da Montanha, começando com "bem-aventurados os pobres de espírito".


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