sábado, 2 de junho de 2007

Sêneca e a tranqüilidade da alma

Depois de ver o DVD sobre filosofia da revista Vida Simples (ver post) acabei me interessando por Sêneca, um dos personagens do documentário. Resgatei entre meus livros a coleção Os Pensadores, da Abril Cultural, e lá estava a obra do filósofo nascido na Espanha e um dos mentores de Nero (depois, claro, convidado ao suicídio pelo déspota). O capítulo dedicado a Sêneca é Da Tranqüilidade da Alma, considerado um dos melhores do autor. Ele procura mostrar como evitar a angústia, a irritação e outros percalços que costumam nos tirar do sério. Mesmo tendo sido escrito há centenas de anos, o livro é muito atual e ainda nos convida a reflexão.

Por exemplo, no tópico Fugir a Agitação estéril, Sêneca nos diz:
" ...A primeira coisa a evitar é desperdiçar nosso esforço ou em objetos inúteis ou de maneira inútil: quero dizer. imaginar ambições irrealizáveis ou reparar um pouco tarde, uma vez satisfeitos nossos desejos, que nos esforçamos sem proveito. Em outras palavras, evitemos de um lado os esforços estéreis e sem resultado, e de outro lado os resultados desproporcionados ao esforço. Pois é quase certo que nosso humor se entristeça, seja depois de um insucesso, seja depois de um sucesso do qual nos temos de envergonhar...

...Este é também o pensamento de Demócrito (filósofo grego), quando ele começa nestes termos:
Quem quiser viver com alma tranqüila não deve ter muitas ocupações: nem de ordem particular nem de ordem pública. Trata-se aqui naturalmente de ocupações inúteis, pois, desde que elas são necessárias, devemos, tanto particulares como públicas, ter não somente muitas, mas inúmeras; ao contrário, quando nenhum dever imperioso nos ordena, devemos saber reprimir nossa atividade. Pois quem multiplica suas ações se expõe a cada instante à sorte. Ora, o mais certo é provocá-la o menos possível, mas pensar nela sem cessar, sem jamais confiar na sua constância...

Eis que isto nos leva a dizer que nada acontece ao sábio contra sua expectativa: não o subtraímos das desgraças humanas, mas sim dos vícios humanos; e todas as coisas lhe sucedem não conforme seus desejos, mas conforme suas previsões. Ora, o que ele prevê, antes de tudo, é que os obstáculos podem sempre opor-se aos seus projetos. Não é, pois, evidente que o pesar causado por uma decepção é bem menos sensível quando não se prometeu antecipadamente o sucesso com segurança?"

Voltarei a Sêneca em outros posts.

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