segunda-feira, 17 de março de 2014

Cuidar de nosso templo é fazer a reforma interior

Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o espírito de Deus habita em vós?
(Paulo, Coríntios 1, 3:16)

Nesta carta Paulo utiliza uma imagem figurada comum nas Escrituras que é a ideia de que nosso corpo é um templo.

Em uma dessas passagens, os evangelhos contam sobre a entrada de Jesus no templo em Jerusalém.  Os textos retratam a irritação do Mestre com o comércio que havia sido instalado no local. Afinal, o ambiente deveria ser de uso exclusivo para a oração e de ligação das pessoas com o plano espiritual.

A mais simbólica descrição deste momento é a de João, o discípulo mais querido e o último dos evangelistas a escrever sobre a passagem de Jesus na Terra.

A Páscoa dos judeus estava próxima, e Jesus subiu para Jerusalém. No Templo, Jesus encontrou os vendedores de gado, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados. Então fez um chicote de cordas e expulsou todos do Templo junto com as ovelhas e os bois; esparramou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas: "Tirem isso daqui! Não transformem a casa de meu Pai num mercado." (2:13-17)

A chave para compreensão deste texto vem a seguir em um diálogo ocorrido entre Jesus e os judeus logo após o incidente no templo:

Então os dirigentes dos judeus perguntaram a Jesus: "Que sinal nos mostras para agires assim?"Jesus respondeu: "Destruam esse Templo, e em três dias eu o levantarei." Os dirigentes dos judeus disseram: "A construção desse Templo demorou quarenta e seis anos, e tu o levantarás em três dias?" Mas o Templo de que Jesus falava era o seu corpo.

Se a descrição de João era simbólica e o templo corresponde ao nosso corpo, como interpretar essa passagem?

Para muitos estudiosos, como o monge alemão Alselm Grün, a ideia de mercado sugere barulho, movimento, dispersão.  Será que internamente não somos ruidosos?

Será que não nos preocupamos demais com as coisas materiais retratadas na passagem pelas moedas e os cambistas?

Quantas vezes não nos pegamos em disputas, rivalidades, brigas e acessos de raiva, ou em mostrar virilidade, como acontecem com os touros antes de serem castrados e se tornarem bois?

O nosso comportamento interior permite que sejamos livres ou somos conduzidos, como ovelhas, por nossas sensações mundanas?

Temos controle sobre nossos pensamentos ou permitirmos que eles escapem e voem com facilidade e sem rumo, como as pombas?

A realidade é que nosso interior se assemelha muito ao mercado livre montado no templo em Jerusalém.

E como colocar um pouco de ordem nesta balbúrdia?

João é claro neste sentido. Se nos aproximarmos dos ensinamentos de Jesus, poderemos fazer nossa reforma interior com mais segurança e controle. O Nazareno vai nos ajudar a afastar o que nos prejudica.

Por isso que Paulo em sua carta aos Coríntios mencionou a questão simbólica do templo. Muitas vezes esquecemos que temos o nosso 'Deus interior 'e que precisamos cultuá-lo em um ambiente menos inóspito e barulhento com nossas preocupações e comportamentos negativos. Só assim nos tornaremos pessoas melhores e mais elevadas espiritualmente.

Emmanuel, o famoso guia espiritual de Chico Xavier, é preciso ao dizer que essa limpeza, a nossa tarefa de reeducação, é difícil e que vamos conseguir atingir esse objetivo com muito esforço e dificuldade: “Para que a luz divina se destaque na treva humana, é necessário que os processos educativos da vida nos trabalhem no empedrado caminho dos milênios”. E conclui: “Se sabemos que o senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa vida a fim de manifestá-lo”. Então, vamos começar a limpar agora o nosso templo?