Não sabeis vós que
sois o templo de Deus e que o espírito de Deus habita em vós?
(Paulo, Coríntios 1, 3:16)
(Paulo, Coríntios 1, 3:16)
Nesta carta Paulo utiliza uma imagem figurada comum nas Escrituras
que é a ideia de que nosso corpo é um templo.
Em uma dessas passagens, os evangelhos contam sobre a
entrada de Jesus no templo em Jerusalém. Os textos retratam a irritação do Mestre com o
comércio que havia sido instalado no local. Afinal, o ambiente deveria ser de
uso exclusivo para a oração e de ligação das pessoas com o plano espiritual.
A mais simbólica descrição deste momento é a de João, o
discípulo mais querido e o último dos evangelistas a escrever sobre a passagem
de Jesus na Terra.
A Páscoa dos judeus
estava próxima, e Jesus subiu para Jerusalém. No Templo, Jesus encontrou os
vendedores de gado, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados. Então fez um
chicote de cordas e expulsou todos do Templo junto com as ovelhas e os bois;
esparramou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam
pombas: "Tirem isso daqui! Não transformem a casa de meu Pai num
mercado." (2:13-17)
A chave para compreensão deste texto vem a seguir em um
diálogo ocorrido entre Jesus e os judeus logo após o incidente no templo:
Então os dirigentes
dos judeus perguntaram a Jesus: "Que sinal nos mostras para agires
assim?"Jesus respondeu: "Destruam esse Templo, e em três dias eu o
levantarei." Os dirigentes dos judeus disseram: "A construção desse
Templo demorou quarenta e seis anos, e tu o levantarás em três dias?" Mas
o Templo de que Jesus falava era o seu corpo.
Se a descrição de João era simbólica e o templo corresponde
ao nosso corpo, como interpretar essa passagem?
Para muitos estudiosos, como o monge alemão Alselm Grün, a
ideia de mercado sugere barulho, movimento, dispersão. Será que internamente não somos ruidosos?
Será que não nos preocupamos demais com as coisas materiais
retratadas na passagem pelas moedas e os cambistas?
Quantas vezes não nos pegamos em disputas, rivalidades,
brigas e acessos de raiva, ou em mostrar virilidade, como acontecem com os
touros antes de serem castrados e se tornarem bois?
O nosso comportamento interior permite que sejamos livres ou
somos conduzidos, como ovelhas, por nossas sensações mundanas?
Temos controle sobre nossos pensamentos ou permitirmos que
eles escapem e voem com facilidade e sem rumo, como as pombas?
A realidade é que nosso interior se assemelha muito ao
mercado livre montado no templo em Jerusalém.
E como colocar um pouco de ordem nesta balbúrdia?
João é claro neste sentido. Se nos aproximarmos dos
ensinamentos de Jesus, poderemos fazer nossa reforma interior com mais
segurança e controle. O Nazareno vai nos ajudar a afastar o que nos prejudica.
Por isso que Paulo em sua carta aos Coríntios mencionou a
questão simbólica do templo. Muitas vezes esquecemos que temos o nosso 'Deus
interior 'e que precisamos cultuá-lo em um ambiente menos inóspito e barulhento
com nossas preocupações e comportamentos negativos. Só assim nos tornaremos
pessoas melhores e mais elevadas espiritualmente.
Emmanuel, o famoso guia espiritual de Chico Xavier, é preciso ao dizer que essa limpeza, a nossa tarefa
de reeducação, é difícil e que vamos
conseguir atingir esse objetivo com muito esforço e dificuldade: “Para que a
luz divina se destaque na treva humana, é necessário que os processos
educativos da vida nos trabalhem no empedrado caminho dos milênios”. E conclui:
“Se sabemos que o senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa vida a fim de
manifestá-lo”. Então, vamos começar a limpar agora o nosso templo?
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