sexta-feira, 30 de março de 2007

Criação

Alguns livros marcam a vida de uma pessoa. Outros a transformam. No meu caso, além do já mencionado O Poder do Mito (ver post abaixo), fiquei extasiado ao ler Criação, do escritor norte-americano Gore Vidal. A obra é um romance histórico e ocorre no século V antes de Cristo. O personagem principal transita pelo século de ouro de Atenas e conhece a Pérsia, Índia, Buda e Confúcio. Vidal passeia pelo lugares e eventos históricos como se tivesse presenciado cada um dos acontecimentos. Uma erudição sem igual e invejável. Mas o que me chamou a atenção na obra foi como ele demonstra que certos mitos e histórias, principalmente religiosas, nunca são originais. Sempre partem de um história já contada e a readaptam para os interesses da época. Por exemplo, existia no oriente um deus muito famoso chamado Mitra, criador da luz. Ele teria nascido no dia 25 de Dezembro, em uma caverna. Era um deus que encarnou para viver entre os homens e morreu para que todos fossem salvos. Nós já não ouvimos esta história antes? Tire Mitra e coloque Jesus e o cenário não muda. Com o advento do cristianismo e sua aceitação pelo imperador romano Constantino houve a fusão dos personagens. Mitra também era um deus muito popular entre os romanos e, convenientemente, sua história serviu para ajudar a criar o mito de Jesus. Sugiro dois links para quem quiser saber mais sobre o deus Mitra. Um é do Saindo da Matrix e outro do The Cauldron.

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quinta-feira, 29 de março de 2007

No ombro de gigantes - Joseph Campbell

"Nunca fiz aquilo que queria, em toda a minha vida". Esta frase foi uma das muitas revelações que tive ao me deparar com a obra de Joseph Campbell. Livros e filme O Poder do Mito causaram uma revolução na minha cabeça. A parte sobre os mitos e religião, estudadas a fundo por ele, me ajudaram a encontrar algumas das respostas que procurava e que serão abordadas aqui no futuro (procure os posts com o marcador jornada). Mas a missiva atual é sobre a frase que inicia o texto. Campbell mencionava a obra de Sinclair Lewis, chamada Babbitt, na qual o personagem principal terminava o livro com esta constatação desoladora. Para Campbell só havia bem-aventurança para aqueles que perseguiam seus sonhos. "Que tipo de vida é essa? Que tipo de sucesso é esse que o obrigou a nunca fazer nada do que quis em toda a sua vida? Eu sempre recomendo aos meus alunos: vão aonde o seu corpo e a sua alma desejam ir. Quando você sentir que é por aí, mantenha-se firme no caminho, e não deixe ninguém desviá-lo dele". Joseph Campbell será personagem recorrente neste blog.

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Acorde, Neo!

Enquanto convivia com minhas indagações sobre o espiritismo (ver post anterior), acabei enveredando para leituras sobre este assunto e, principalmente, sobre religiões orientais. Foi nesta época que estreou o filme Matrix. Ainda não estava totalmente preparado para entender muito do subtexto que a fita continha, mas percebia-se claramente que os autores entraram de cabeça no budismo. A idéia de que vivemos em uma grande ilusão e que a realidade nada mais é do que uma projeção mental permeava todo o roteiro. Conceito adotado também pelo filósofo Platão no seu mito da caverna. Na história, ele demonstra que vivemos num mundo de aparências, de sombras de uma realidade que não conseguimos enxergar. Tudo isso foi se misturando em meu caldeirão de idéias. Vivemos em um mundo real? O nosso universo existe da forma como imaginamos? E a pergunta de um milhão de dólares: podem existir outros universos ao nosso lado e nem percebemos? A saga continua... Para finalizar este post, recomendo um leitura de um artigo publicado na revista Superinteressante que trata deste tema com um pouco mais de profundidade. Link aqui

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Uma alma, um corpo

O espiritismo foi a primeira religião que tentava unir a lógica com a fé. Criada no final do século 19, a seita recebeu as influências das descobertas científicas e do racionalismo daquela época. Mas algumas respostas ficavam ainda sem sentido. Por exemplo, como assim uma alma para cada corpo? E de onde vinham as almas sobressalentes com o aumento da população? O número de habitantes neste planeta não pára de aumentar. Teríamos uma fábrica de almas? Questionei minha irmã sobre isso. Ela estudou a fundo espiritismo. Fez até curso e se graduou. Portanto, parecia ser a pessoa ideal para tirar estas dúvidas. Mas, para minha infelicidade, as respostas não foram satisfatórias. Primeiro ela ficou reativa. Este é o problema de céticos fazerem perguntas sobre religião. As pessoas sempre acham que vc vai ironizá-las ou desmerecer sua argumentação por falta de lógica. Depois de acalmá-la e esclarecer que era apenas uma dúvida inocente, aí sim veio a tal explicação. Tudo tem alma e tudo evolui. Uma pedra teria uma alma primitiva que evoluiria até ocupar o corpo de um humano (isso depois de alguns milhares de anos de reencarnações e ter passado por outras pedras, plantas e animais). Mas quem controla este fluxo de novas almas versus novos corpos? Como acelerar este processo para acompanhar o aumento populacional? Minha irmã não quis (ou soube) me explicar. Preferiu uma saída pela tangente: são questões que só iniciados podem responder. Até hoje espero um esclarecimento... A melhor resposta que encontrei para esta dúvida veio bem mais tarde com a física quântica. Assunto para um outro post.

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Nosso Lar

Minha família, como a maioria no Brasil, é ecumênica em questão de religião. Católica oficial para efeitos de IBGE, mas flerta com o espiritismo. Alguns até vão mais longe e conseguem ver, ouvir ou sentir a presença de espíritos. Certo, um cético raivoso como eu não dava muita pelota para estes assuntos metafísicos familiares. Mas no fundo algo me incomodava. O mundo lógico que me acompanhava ficava buzinando na minha orelha: será que não tem alguma coisa a mais ao seu redor que vc não está vendo? Mas, o que seria? Precisava entender melhor o que se passava. E lá fomos nós, imbuídos de um espírito cívico, desbravar a cartilha do espiritismo. Comecei pelo bê-a-bá, o clássico Nosso Lar, psicografado por Chico Xavier. E as revelações começaram: primeiro que todos os textos deste tipo são muito ruins. Mal escritos mesmo. Uma tortura conseguir ler este e outros que tentei desbravar. A segunda constatação: o mundo espiritural tinha ônibus! Para se deslocar entre um lugar e outro vc tem que tomar um transporte coletivo, no caso um bom e velho ônibus. Nada de metrô ou teletransporte. Ônibus!Não queria passar minha eternidade vivendo de maneira tão humana assim...Para mim havia uma clara interferência, intencional ou não, das informações que o autor tinha sobre sua realidade terrena com o que ele "recebia" de informações do outro lado. Se na época em que a obra foi escrita ônibus era a forma mais moderna de transporte coletivo no Brasil, isso acabou se refletindo no texto e nas descrições. Se escrita hoje, talvez os deslocamentos fossem de metrô ou em esteiras rolantes. Bom, o fato é que esta porta não estava me indicando um caminho. Precisava investigar mais...

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Saga do herói

Já fui um cético radical. Conversas do tipo "energia positiva" me davam urticária. Durante a minha formação tive a sorte de ser apresentado a vários gigantes da ciência, como Galileu, Descartes, Newton, Pasteur, Einstein, Darwin, Giordano Bruno e tantos outros, e propagadores do mundo científico para leigos como Carl Sagan e Stephen Jay Gould. Isso me ajudou a ter uma mentalidade racional, cartesiana, perante a vida. Tudo tinha quer ser preto no branco. São Tomé na veia. Mas havia algumas lacunas que não conseguia preencher, principalmente na área metafísica. Questões surgiam e o mundo científico ainda não tinha (e não tem) instrumental satisfatório para ajudar nas respostas. Algo como se estivéssemos em uma época, digamos, pré-Pasteur (ver post anterior). Como caminhar por um terreno desconhecido, cheio de armadilhas, pródigo em falsos profetas sem perder a direção, o bom sendo e a lógica? Esse era o desafio que me inquietava. Sem perceber tinha iniciado a minha jornada.

quarta-feira, 28 de março de 2007

No ombro de gigantes

Louis Pasteur, cientista francês, descobriu no final do século 19 que as doenças se propagavam por meio de vírus e bactérias. Foi a partir daí que conceitos como imunização e pasteurização foram espalhados pelo mundo. Hoje, para nós, isso é óbvio e não dá para desconhecer a importância da vacinação, mas quais eram as certezas da humanidade antes de Pasteur? Por falta de informação adequada acreditava-se que as doenças eram trazidas por iras divinas ou miasmas. E isso, para nossos antepassados, era uma certeza insofismável. Bom, pelo menos até chegar Pasteur com suas revelações. O que isso tudo quer dizer? Que as coisas mudam, nossas percepções mudam. O que é o certo hoje, amanhã pode não ser mais. Vivemos em uma época de constantes mudanças e estamos sempre em busca de uma verdade absoluta ou de um entendimento mais próximo da verdade. Mas para isso temos que abrir nossas mentes e romper paradigmas. Como fez Pasteur e outros gigantes da ciência.

Primeiro post - nada sei

A menção à famosa frase de Sócrates neste blog é antes de mais nada uma humilde deferência à nossa própria ignorância. Vivemos em um mundo em que muitos gostam de exibir suas certezas e convicções. Poucos percebem que às vezes, ou na maioria das vezes, sua opinião é baseada em premissas falsas, argumentos falaciosos, indução etc. É o grande paradoxo de nossos tempos: abundância de informação, mas pouca reflexão. Este blog vai tentar trazer dúvidas, indagações e algumas certezas. Gosto muito da letra da música cantada por Raul Seixas (Metamorfose Ambulante) . Lá pelas tantas ele diz: "prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo". Portanto, mente aberta companheiros!