domingo, 3 de junho de 2007

Ainda Chávez

Artigo do Jornalista Janio de Freitas na Folha deste domingo mata a pau a (falsa) questão que envolve a polêmica do fechamento da emissora venezuelana (golpista) RCTV. Diz ele:

"...Sem precisar do óbvio, do acaso e de elaborações é a postura dos meios de comunicação brasileiros em relação a tudo que diga respeito à sua área: prevalece o corporativismo, sem equivalente exceto o dos jornalistas. A dúvida é se o corporativismo dos militares ainda chega a tanto ou vem logo abaixo.Canais de rádio e TV são propriedades das respectivas nações. Sua exploração por particulares é feita pelo regime de concessão. Não sendo resultado de compra ou doação recebida, a concessão está sujeita, mundo afora, às renovações. É o que a Constituição brasileira determina nos cinco artigos do seu quinto capítulo (rádios a cada dez anos, tevês a cada 15).

A necessidade de renovação contém, implicitamente, a possibilidade da não renovação. Mas os princípios constitucionais brasileiros não só a mencionam com explicitude, como vão mais longe: estabelecem a possibilidade de cancelamento, de cassação do canal sem depender de negar renovação.O ato administrativo praticado na Venezuela está de acordo, portanto, com o fixado pela própria Constituição brasileira.

As razões de Hugo Chávez contra uma TV documentadamente comprometida com um golpe de estado compõem outra ordem de discussão, política e ideológica, mas não a de agressão ou violação da democracia. O funcionamento de tevês não atesta, por si, a existência de democracia, assim como a liberdade de expressão não lhes dá o direito de fazerem do canal, concedido em nome do público, o uso que quiserem..."

Portanto, sempre analisem com cuidado o que a imprensa brasileira, principalmente as TVs e alguns órgãos conservadores, como Veja e Exame, costumam veicular sobre a Venezuela. Há muita desinformação causada de propósito para "deformar" a opinião pública e criar uma imagem negativa de Chávez e de suas atitudes, muito embora estejam dentro da lei e com respeito às normas democráticas.

Quem quiser ir mais fundo nesta questão deve ler a reportagem principal da revista Carta Capital desta semana. Texto impecável do jornalista Antonio Luiz M.C. Costa, sob o título Nem Estado nem Mercado, detalha com precisão e imparcialidade todos os aspectos envolvidos na questão. Agora fica aqui só uma questão final: por que o Senado brasileiro tinha que se meter em política internacional? Não tem o Itamaraty para isso?

Leia sobre este assunto o post A Campanha da Imprensa

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