quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A falta de energia virou cabo eleitoral

Nesta questão em torno do blackout de terça-feira o que mais me chamou a atenção desde o primeiro momento ao ouvir alguns entrevistados na rádios aqui de São Paulo era o evidente prazer em aproveitar a situação anormal para bater pesado no governo. Não que o governo não tenha que ser criticado, mas reparo sempre que há uma inegável dose de rancor quando alguns entrevistados resolvem soltar a voz para falar mal dos atuais ocupantes do poder executivo. Até mercadores esportivos - aqueles que falam mais de propaganda em seus programas do que de esporte - se aventuram a criticar a falta de energia com a profundidade de um pires.


E aí você percebe como setores da mídia, TV Globo e jornais Folha, Estado e Globo, passam longe de uma cobertura crítica e isenta e fazem desse caso motivo para escândalo. Hoje o editorial da Folha diz que o governo demorou para restabelecer a energia, informação desmentida em suas próprias páginas mais adiante. Em 99 foram 10 estados atingidos, 70% da carga cortada e 4h15 para restabelecer a energia. Em 2002 (reparem que os dois períodos no governo FHC) foram 10 estados atingidos, 56,7% da carga cortada e 4h26 ara voltar a energia. No episódio de terça foram 18 estados atingidos,51,5% da carga cortada e 3 horas de falta de energia.

Diante disso, se você gosta de exercitar o espírito crítico, cuidado com o que lê, vê e ouve em nossa mídia, que está jogando pesado, novamente, para ver se consegue prejudicar o atual governo. Para finalizar, um trecho do artigo de hoje do jornalista Janio de Freitas publicado na Folha que mostra com muita acuidade o jogo que está seno montado por parte da imprensa neste lamentável caso.



Mais apagão


O apagão deu a amostra do que virá dos meios de comunicação na campanha eleitoral. Já durante a escuridão, um comentário radiofônico explicava à população ansiosa que a redução do IPI de geladeiras, fogões, televisões, e demais produtos da chamada linha branca, levara a muitas compras, que provocaram excesso o consumo de energia. Logo, também o apagão.


Na manhã de ontem, desta vez pela TV, um outro dava o seu bom dia com a sugestão de que o apagão poderia dever-se a ato do MST ou de índios. Horas depois, outra vez pelo rádio, uma intervenção chamada de comentário político já começava com tudo: "Dilma não fica imune nesse apagão". Com o esclarecimento geométrico: "No centro da questão fica a capacidade de gestão da ministra".


Causa explicada, fontes do ato causador indicadas, responsabilidade pessoal apontada -para que tanta procura da origem do apagão pelos técnicos? E, sobretudo, para que tanta determinação, nas áreas oficiais, de não citar a Cesp entre os prováveis motivadores do apagão, o que seria dado como propósito de chutar a responsabilidade para o governo José Serra?


O apagão não foi só de luz

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