terça-feira, 26 de junho de 2007

Uma amostra do futuro

O jornal inglês Independent trouxe uma reportagem (também publicada na Folha) muito interessante sobre um conflito na África causado pelas mudanças climáticas. É um alerta dramático da ONU de como este este caso pontual pode ser o preview de uma situação que viveremos com muita intensidade no futuro se nada for feito para conter o aquecimento global.

O jornalista Steve Bloomfield destaca no texto que "As alterações climáticas se tornaram uma importante questão de segurança que poderia levar a uma "conflagração mundial", segundo o mais importante funcionário ambientalista da ONU. Do aumento no nível do mar no oceano Índico à desertificação acelerada do Sahel africano, o aquecimento global causará novas guerras em todo o mundo, disse Achim Steiner, diretor executivo do Pnuma, o Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente. "As pessoas estão sendo forçadas a ocupar territórios alheios devido às alterações climáticas, e isso causa conflito", disse. "

O jornalista prossegue na reportagem informando que "as mudanças drásticas do ambiente na região sudanesa de Darfur ajudaram a preparar o terreno para o conflito atual, que deixou mais de 2,5 milhões de desabrigados e ao menos 200 mil mortos. Um relatório que o Pnuma divulga hoje estabelece vínculo direto entre as alterações climáticas e o conflito em Darfur. As raízes da guerra iniciada há quatro anos estão na devastadora seca que varreu o Sudão e o Chifre da África nos anos 80, diz o texto. Desde então, o nível pluviométrico do Sudão caiu 40%, segundo os cientistas, devido ao aquecimento global. "

Ainda segundo a reportagem "Os pastores nômades e os agricultores, que no passado dividiam o território de forma relativamente pacífica, subitamente passaram a dispor de menos terras férteis. Os fazendeiros começaram a cercar terras pelas quais no passado permitiam a passagem dos nômades. Os confrontos pelos recursos cada vez mais escassos entre os nômades, que tendem a ser de etnia árabe, e os fazendeiros, em sua maioria africanos, generalizaram-se. A crise atual foi deflagrada por uma rebelião lançada por três tribos de Darfur e pela feroz campanha de combate aos insurgentes promovida pelo governo, aliado às milícias árabes, mas as mudanças drásticas no ecossistema parecem ter contribuído para a disputa. "O que vemos em Darfur é um fenômeno de mudança ambiental em curso, e isso pressiona as comunidades locais", disse Steiner. "Se somarmos esse fator a potenciais tensões de natureza étnica ou religiosa, logo teremos uma mistura na qual qualquer pressão maior pode resultar em conflito."

Mas não é só na África que hoje observamos estas condições para conflitos provocados pelas mudanças climáticas. O jornalista do Independent relata que "A alta do nível do mar ao largo da costa de Bangladesh representa outra potencial fonte de conflito, afirmou Steiner. "A Índia já começou a construir uma muralha para impedir que os bengalis atravessem. A alta de meio metro prevista para o nível do mar significará que 34 milhões de pessoas terão de deixar as áreas que ocupam". Mas é a África que tem mais chance de sofrer. O continente cujos moradores têm o menor número de carros e fazem o menor número de vôos internacionais experimentará as mais devastadoras conseqüências das alterações climáticas. A elevação do nível do mar pode destruir até 30% das costas, e de 25% e 40% dos habitats naturais africanos serão perdidos até 2085, segundo a ONU. "

Os alertas como esses vão chegando com cada vez mais intensidade à mídia e as soluções que a humanidade está encontrando para resolver esta questão do aquecimento global estão sendo adotadas (quando são) em passo de tartaruga. Deste jeito as gerações futuras (nossos filhos e netos) vão olhar para o passado e para a nossa geração e perguntar: o que estes idiotas ficaram fazendo que não tomaram nehuma providência?

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