quarta-feira, 9 de maio de 2007

Lula, a igreja e o aborto

Muito sensata a posição do presidente Lula em relação ao aborto. Pessoalmente é contra, mas, como chefe da nação, não pode fazer de conta que o problema não existe. O aborto deve ser encarado como uma questão de saúde pública. A declaração, que merece o apoio deste blog, foi motivada depois da campanha que a igreja católica iniciou sobre o tema (ainda mais com a visita do papa conservador) além de pedir, vejam vocês, a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas brasileiras. Não sei em que mundo vivem nossos nobres bispos, mas parece que estão com saudades do poder que desfrutavam na idade média quando deitavam e rolavam na Europa. Não por acaso foi conhecida também como a idade das trevas para a humanidade...Os tempos hoje são outros e uma boa parte da população já cansou do obscurantismo religioso. Depois não adianta a igreja esperar quase 500 anos para pedir perdão pelos abusos e atrocidades perpetrados em nome de Deus, como nos casos dos cientistas Galileu Galilei e Giordano Bruno. Pior, parece que não aprenderam a lição. Os católicos que não quiserem fazer aborto são livres para seguir a recomendação da igreja. Como também devem ser livres aqueles que não concordam e acham que não há nada demais em permitir o aborto. Livre-arbítrio. De qualquer forma, vale a pena ler este trecho de reportagem publicada na Folha de São Paulo desta quarta-feira:

"José Gomes Temporão (ministro da Saúde) e Nilcéia Freire (ministra das Mulheres), criticaram a Igreja Católica e grupos religiosos pela "agressividade" e tentativa de "censurar" o debate sobre o aborto. O presidente da CNBB, d. Geraldo Majella, acusou o governo de promover a promiscuidade no país.Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que o aborto é uma questão de saúde pública. Sobre o posicionamento dos líderes católicos, afirmou: "Eu acho que a Igreja tem, primeiro, autonomia e idade pra tomar as decisões que melhor lhe convenha", disse Lula em São José (SC).Seus ministros concordam, mas criticam a maneira como a igreja tem discutido o assunto."É um tema que deve ser tratado com delicadeza. Não tenho percebido isso em alguns setores da Igreja, que fizeram declarações muito agressivas e distantes dos ensinamentos de Jesus", disse Temporão à rádio CBN. "Não é possível ignorar que milhares de mulheres se submetem a esse procedimento e as pessoas digam que nada está acontecendo.""Acho importante que a igreja ou grupos fundamentalistas ou religiosos não ajam como censores de uma discussão que a sociedade deve ter", disse Nilcéia. Estima-se que 1 milhão de abortos clandestinos ocorrem no país a cada ano. Salvo em casos previstos em lei, a interrupção da gravidez é crime, punível com até três anos de prisão."
Link para a reportagem completa (só para assinantes)

Abaixo a declaração de Lula na segunda-feira

"Eu tenho duas posições. Eu tenho a posição de pai e de marido, e de cidadão, e tenho um comportamento de presidente da República. São duas coisas totalmente distintas. Primeiro, eu tenho dito, na minha vida política, que sou contra o aborto. Tenho dito publicamente. E tenho dito publicamente que não acredito que ninguém faça aborto por opção ou por prazer. É importante que a gente saiba dimensionar quando uma jovem desesperada, numa gravidez indesejada, corre à procura de um aborto... Se nós tivéssemos, no Brasil, um bom processo de planejamento familiar, de educação sexual, possivelmente nós não tivéssemos a quantidade de gravidez indesejada que temos no Brasil hoje. Entretanto, quando ela existe, o Estado precisa tratar isso como uma questão de saúde pública, porque a história também nos ensina que, muitas vezes, no desespero e por falta de orientação, muitas meninas se matam precocemente. Eu conheço casos de meninas que perfuraram o útero com agulha de fazer tricô... O Estado não pode ficar alheio a uma coisa que existe, que é real, e não dar assistência para essas pessoas."
Link para a reportagem completa (só para assinantes)

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