sexta-feira, 11 de maio de 2007

Mais bem-aventurança

No post especial desta sexta, volto ao tema da bem-aventurança. É um conceito poderoso para mim que estou nesta busca pessoal. Começo um novo momento em minha vida e estou na expectativa que as portas se abram, que o poder de atração não me abandone e que tudo dê certo. Acredito que minhas vibrações estejam positivas. Torçam por mim!
Bom, hoje vou mencionar aqui um outro trecho de Joseph Campbell explicando a bem-aventurança no livro O Poder do Mito. No final, coloquei links para outros posts que abordam esta obra e têm mais partes interessantes transcritas. Clicando no marcador bem-aventurança você pode ler todos de uma vez. Boa leitura.

"CAMPBELL:...Voltei da Europa, como estudante, em 1929, exatamente três semanas antes da quebra da Bolsa de Nova Iorque, de modo que fiquei desempregado por cinco anos. Simplesmente não havia emprego. Para mim foi um período esplêndido.

MOYERS: Esplêndido? O auge da Depressão? O que havia de maravilhoso nisso?

CAMPBELL: Eu não me sentia pobre, apenas sabia que não tinha dinheiro. As pessoas eram muito boas umas com as outras, naquele tempo. Por exemplo, descobri Frobenius, que de repente me entusiasmou, e eu quis ler tudo o que ele tinha escrito. Então simplesmente fiz a encomenda a uma livraria que tinha conhecido, em Nova Iorque, e eles me enviaram os livros, dizendo que não precisava pagar, até conseguir emprego - o que aconteceu quatro anos depois.
Havia um velhinho maravilhoso, em Woodstock, que tinha uma propriedade com uns poucos quartinhos que ele alugava por vinte dólares ao ano, pouco mais, pouco menos, a qualquer jovem que, na opinião dele, tivesse algum futuro nas artes. Não havia água corrente, apenas aqui e ali um poço e uma bomba. Ele dizia que não mandava instalar água corrente porque não gostava do tipo de gente que isso atraía. Foi lá que realizei a maior parte das minhas leituras básicas. Foi esplêndido. Eu estava no encalço da minha bem-aventurança.
Bem, eu cheguei a esta idéia de bem-aventurança porque em sânscrito, a grande linguagem espiritual do mundo, há três termos que representam a margem, o trampolim para o oceano da transcendência: Sat, Chit e Ananda, A palavra Sat significa "ser"; Chit significa "consciência"; Ananda significa "bem-aventurança" ou "enlevo". Pensei: "Não sei se minha consciência é propriamente consciência ou não; não sei se o que entendo pelo meu ser é o meu próprio ser ou não; mas sei onde está o meu enlevo. Então vou apegar-me ao meu enlevo, e isso me trata tanto a minha consciência como o meu "ser". Creio que funcionou.

MOYERS: Será que chegamos a saber a verdade? Será que chegamos a encontrá-la?

CAMPBELL: Cada um possui a sua própria profundidade, a sua própria experiência, e alguma convicção quanto a estar em contato com sua própria sat-chit-amanda, seu próprio ser, através da consciência e da bem-aventurança. Os religiosos dizem que não chegamos a experimentar verdadeiramente a bem-aventurança antes de morrermos e irmos para o céu. Mas eu acredito em atingir o máximo possível dessa experiência enquanto estamos vivos.

MOYERS: A bem-aventurança é agora.

CAMPBELL: No céu, você terá um enlevo tão maravilhoso contemplando Deus que nem terá condições de se dedicar à sua própria experiência. O céu não é o lugar para ter essa experiência - o lugar para ela é aqui.

MOYERS: Você já teve a sensação, como eu tenho às vezes, ao perseguir a sua bem-aventurança, de estar sendo ajudado por mãos invisíveis?

CAMPBELL: O tempo todo. É milagroso. Tenho até mesmo uma superstição, que se desenvolveu em mim como resultado dessas mãos invisíveis agindo o tempo todo, a superstição, por exemplo, de que, pondo-se no encalço da sua bem-aventurança, você se coloca numa espécie de trilha que esteve aí o tempo todo, à sua espera, e a vida que você tem que viver é essa mesma que você está vivendo. Quando consegue ver isso, você começa a encontrar pessoas que estão no campo da sua bem-aventurança, e elas abrem as portas para você. Eu costumo dizer: Persiga a sua bem-aventurança e não tenha medo, que as portas se abrirão, lá onde você não sabia que havia portas.

MOYERS: Você já sentiu simpatia pelo homem que não dispõe desse tipo de apoio invisível?

CAMPBELL: Quem não tem esse tipo de apoio? Bem, esse é o tipo que evoca compaixão, o pobre coitado. Vê-lo tropeçando, desajeitado, quando todas as águas da vida estão exatamente ali, ao alcance da mão, realmente desperta piedade.

MOYERS: As águas da vida eterna estão exatamente ali? Onde?

CAMPBELL: Onde quer que você esteja, se estiver no encalço da sua bem-aventurança, você estará desfrutando aquele frescor, aquela vida intensa dentro de você, o tempo todo.

Livro: O Poder do Mito - editora Palas Athena - páginas 126, 127 e 128

Veja abaixo outros links para posts sobre Joseph Campbell, O Poder do Mito e a bem-aventurança:
Especial de sexta
Em busca da bem-aventurança

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