sábado, 28 de abril de 2007

Lixo nuclear em casa

Leio na Folha que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é totalmente contrária à construção de usinas nucleares no país. Por ela, Angra 3 não sai do papel. Graças a essa posição, o governo Lula não consegue há 4 anos decidir se manda construir ou não a usina. Não conheço a ministra e é difícil avaliar o seu trabalho a partir do noticiário sempre tendencioso. Cria-se a impressão que todas as obras importantes do país estão paradas por causa de entraves burocráticos dentro do ministério do Meio Ambiente. Bom, mas este post pretende apenas mostrar que esta questão da energia nuclear precisa ser melhor debatida e alguns dogmas, como o da ministra, têm que ser revistos. Não podemos ficar naquela mesma posição de que energia nuclear é um perigo sem nos questionar se o que temos é um medo real ou uma falsa percepção de perigo. O fato é que nestes dias de aquecimento global, a energia nuclear se mostra uma das fontes mais limpas de geração de eletricidade. No clássico A Vingança de Gaia (já citado em outros posts), o autor e cientista James Lovelock é incisivo:
"Acho triste, mas tipicamente humano, que existam vastas burocracias preocupadas com os resíduos nucleares, organizações enormes dedicadas a desativar usinas nucleares, mas nada semelhante para lidar com o resíduo realmente maligno: o dióxido de carbono.
Mas não basta apresentar este argumento a favor de um uso maior da energia nuclear, porque a crença do grande público na nocividade dessa energia é forte demais para ser derrubada por um simples argumento. Por isso, ofereci-me em público para receber todos os resíduos de alto nível produzidos durante um ano por uma usina nuclear, que seriam depositados em meu pequeno terreno. Eles ocupariam um espaço de cerca de um metro cúbico e caberiam com segurança num fosso de concreto, e eu aproveitaria o calor do decaimento de seus elementos radioativos para aquecer minha casa. Seria um desperdício não fazê-lo. Mais importante, eu, minha família ou a vida selvagem não correríamos nenhum risco..."

"...Franklin Roosevelt disse uma frase memorável ao assumir a presidência em 1933: "Não temos nada a temer, a não ser o próprio medo". A maioria de nós tem medos irracionais que penetram furtivos na mente e provocam um estremecimento: o meu é de torrentes avassaladoras de água barrenta, de ver e ouvir uma muralha gigantesca de água se precipitando sobre mim..."
"Precisamos de fontes de energia livres de emissões imediatamente, e não há nenhum concorrente sério à fissão nuclear. Assim como superar nosso medo da energia nuclear?..."
"...Uma estimativa mais sólida e útil da segurança comparativa das diferentes fontes de energia vem do Instituto Paul Scherrer, na Suíça, em seu relatório de 2001. Eles examinaram todas as fontes de energia de larga escala do mundo para comparar seus históricos de segurança. Expressaram o perigo de cada uma em termos do número de mortos, de 1970 a 1992, por terrawatts/ano (twa) de energia produzida. Os resultados mostraram a seguinte seqüência: carvão (6400 mortos), hidroeletricidade (4 mil), gás (1200) e nuclear (31).
Achei espantosa a constatação de que a energia nuclear é a mais segura das fontes de larga escala..."

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