terça-feira, 17 de abril de 2007

Em busca de mais energia

Nos dois últimos posts tentei fazer uma introdução sobre a questão da sustentabilidade. Um dos aspectos importantes é o da substituição das formas de energia produzidas por combustíveis fósseis, como carvão, petróleo, gás etc. A questão é polêmica. Se por um lado há uma busca por combustíveis vindos de fontes renováveis, como cana-de-açúcar, milho, mamoma, de outro há os que questionam se devemos buscar uma alternativa sem mudar nossa forma de utilizá-la. Temos que ser reeducados a reaproveitar mais, consumir menos e com mais qualidade.
Fritjof Capra no clássico O Ponto de Mutação:
"As raízes mais profundas de nossa atual crise energética situam-se nos modelos de produção e consumo perdulário que se tornaram característicos de nossa sociedade. Para resolver a crise não necessitamos de mais energia, o que apenas agravaria nossos problemas, mas de profundas mudanças em nossos valores, atitudes e estilos de vida. Entretanto, ao mesmo tempo em que perseguimos essa meta a longo prazo, também precisamos mudar nossa produção de energia dos recursos não-renováveis para os renováveis, e das tecnologias pesadas para as brandas, a fim de alcançarmos o equilíbrio ecológico"
James Lovelock vai na mesma direção da mudança de hábito, mas discorda de Capra quanto à substituição de energia por fontes renováveis, principalmente os biocombustíveis. Na entrevista para a Veja ele explica:
Veja - No Brasil, a maioria dos carros novos funciona com álcool combustível. O biocombustível é uma boa forma de reduzir a emissão de gases do efeito estufa?
Lovelock - Essa provavelmente é das coisas menos sábias a fazer. Para produzir a cana-de-açúcar para o biocombustível, é preciso ocupar o espaço dedicado à produção de alimentos ou derrubar florestas, que ajudam a regular o clima. Isso é contraprodutivo. É mais inteligente usar a energia nuclear para produzir hidrogênio como combustível para os carros. Alguns anos atrás, muitos cientistas achavam que o biocombustível era o caminho certo a seguir. Agora que sabemos quão sério é o problema do aquecimento global, percebemos que essa não é a melhor solução. Nós, cientistas, devemos pedir desculpas ao povo brasileiro.
Veja - Qual sua opinião sobre o conceito de desenvolvimento sustentado, pelo qual se explora o ambiente sem lhe provocar danos?
Lovelock - Acho uma idéia adorável. Se a tivéssemos aplicado 200 anos atrás, quando havia apenas 1 bilhão de pessoas no mundo, talvez não estivéssemos na situação em que estamos hoje. Agora é tarde demais. Não há mais espaço para nenhum tipo de desenvolvimento. A humanidade tem de regredir. Em algumas décadas, quem conseguir se mudar para regiões melhores, com temperaturas mais amenas, terá uma chance de sobreviver.

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