domingo, 17 de junho de 2007

Lamarca, Vavá e a deformação da opinião publica

Não gosto muito de tratar de assuntos políticos neste blog, mas às vezes é inevitável. Principalmente quando há uma clara tendência dos meios de comunicação à deformação da opinião pública. Veja o caso do Lamarca, ex-capitão do exército que partiu para a guerrilha na época da ditadura militar. Na semana que passou houve uma decisão que reconhece o então oficial como coronel. Essa decisão foi tomada porque ele foi assassinado durante sua captura. A imprensa direitista como sempre se levantou contra. Páginas raivosas na Veja e até na Folha de S. paulo, com direito a editorial e tudo.

Em sua coluna de hoje, o ombusman do jornal coloca o assunto no seu devido lugar. Diz ele na nota (que vale para todos os veículos de (des)informação) "Erros em série sobre Lamarca":

"A Folha cometeu uma sucessão de erros na cobertura de quinta e sexta sobre a promoção a coronel concedida a Carlos Lamarca (1937-71) pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.O jornal afirmou que Lamarca, um dos mais destacados militantes da esquerda armada contra a ditadura militar (1964-85), "morreu como capitão" em 1971 na Bahia.Não procede: ao desertar do Exército em 1969 por iniciativa própria, o então capitão deixou de pertencer à Força. Não era oficial ao ser morto, mas ex-militar....Grave erro consta do editorial de sexta: "A morte [de Lamarca] em combate -como acabou ocorrendo há quase 36 anos no interior da Bahia- é risco natural para quem escolhe pegar em armas".Assim, a Folha bancou o relato do regime militar. Em 1996, a União concluiu que o guerrilheiro foi assassinado quando -desnutrido, doente e exausto- já não tinha condições de reagir. Não teria, portanto, havido combate algum, mas homicídio, em vez da prisão possível. É o que a imprensa noticiou há 11 anos...A Folha deve ser rigorosa ao narrar a história, sem subscrever relatos superados ou carentes de comprovação."

Concordo totalmente. No mesmo jornal a coluna do jornalista Elio Gaspari aponta para outro absurdo que é este carnaval em torno do tal Vavá, o lobista que não conseguiu emplacar nadinha e ainda tentou tomar uns 2 mil reais na praça. Tá na cara que não passa de um tolinho (e mais tolinho ainda quem acreditava na história dele). Mas a imprensa não está nem aí para isso e fica batendo bumbo. Só porque Vavá é irmão do presidente. No artigo "Vavá está sendo linchado", o jornalista explica o que está de fato oorrendo:

"O homem do "arruma dois pau pra eu" é o biombo. Querem a jugular de Lula, o dos 60 milhões de votos . GENIVAL INÁCIO da Silva, o Vavá, está sendo covardemente linchado porque é irmão do presidente da República. Ele é acusado de tráfico de influência sem que até hoje tenha aparecido um só nome de servidor público junto ao qual tenha traficado qualquer pleito que envolvesse dinheiro do erário. Um fazendeiro paulista metido numa querela de terras queria reverter uma decisão unânime do Superior Tribunal de Justiça. Vavá recomendou-lhe um advogado. Isso não é tráfico de coisa alguma. Um empreiteiro queria obras e encontrou-se com ele num restaurante. Ninguém responde se Vavá conseguiu favorecer esse ou qualquer outro empreiteiro.A divulgação cavilosa e homeopática de trechos de gravações telefônicas envolvendo parentes de Nosso Guia tornou-se um processo intimidatório e difamador capaz de fazer corar generais do Serviço Nacional de Informações, o SNI da ditadura. No caso de Vavá, as suspeitas jogadas até agora no ventilador não guardam nexo com os fatos. Não há proporção entre as acusações que lhe fazem e o grau de exposição a que foi deliberadamente submetido...."

"...Antes da conclusão do inquérito policial, Vavá foi irremediavelmente satanizado a partir de indícios, suspeitas e manipulações. Seu linchamento não busca o cidadão metido com vigaristas. Busca a jugular do irmão.Durante a última campanha eleitoral, quando o comissariado petista chafurdou na compra de um dossiê contra os tucanos, demonizou-se a figura de Freud Godoy, um assessor de Lula, conviva de sua panelinha. Durante três dias ele pareceu encarnar toda a corrupção nacional. Freud foi arrolado em dois processos, um criminal e outro eleitoral. Dizer que foi inocentado é pouco. Ele nem sequer foi indiciado.O pessoal do século 21 sabe que Jimmy Carter é um ex-presidente dos Estados Unidos (1977-1981), Prêmio Nobel da Paz de 2002. Passará para a história como um exemplo de retidão. Isso agora. Quando estava na Casa Branca, Carter foi atazanado pela exposição de seu irmão Billy, caipira alcoólatra que se tornou lobista (registrado) do governo líbio. Criou-se o neologismo Billygate. Morreu em 1988, aos 51 anos, falido. Virou poeira da História.Ninguém quer a jugular de Vavá, como não se queria a de Billy Carter. O negócio é outro."

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