sábado, 19 de maio de 2007

Reaproveitando e consertando

Todos que acompanham este blog sabem que para nós sustentabilidade nada mais é que consumir menos e com racionalidade. A mídia, por razões publicitárias óbvias, não gosta muito de enfocar este conceito e prefere ficar na epiderme da frase: "temos que deixar um planeta melhor para as gerações futuras". Bacana, né? Mas como alcançar isso? Basicamente consumindo menos, reaproveitando mais, consertar e não descartar etc.
Frijof Capra, em seu As Conexões Ocultas, foi um dos primeiros a levantar seriamente a questão indo até mais longe na idéia (ver trechos abaixo). Na época, a proposta beirava o realismo fantástico, mas hoje em dia até programas de rádio já mencionam uma parte do conceito.
Outro dia ouvi uma jornalista indicar um site que auxilia não só a escolher os aparelhos que consumam menos energia, mas que também dá boas dicas de como reutilizá-los ou consertá-los. É o my green eletronics . O site é simples, direto e tem dicas que vão além do lugar-comum. O único galho é que está todo em inglês. Tem calculadoras de consumo e links interessantes. Um deles remete para o site greener choises, especializado em informações sobre reutilização e reciclagem de materiais eletrônicos.
Abaixo coloco um trecho do mencionado livro do Capra para vcs irem mais fundo neste conceito de reaproveitamento, reutilização, reuso e reciclagem. Só isso vai nos salvar. O resto é conversa para boi dormir. Fica sendo nosso especial de sexta, mas com cara de sábado...

"Numa sociedade industrial sustentável, todos os produtos, materiais e resíduos serão nutrientes biológicos ou técnicos...Se o conceito dos ciclos técnicos fosse plenamente implementado, provocaria uma reestruturação fundamental das relações econômicas. Afinal de contas, o que nós queremos dos produtos técnicos não é a sensação de possuí-los, mas os serviços que eles nos proporcionam. Queremos diversão do nosso vídeocassete, mobilidade do nosso automóvel, bebidas geladas da nossa geladeira, etc. ...Nós não compramos um televisor para ser donos de uma caixa que contem 4 mil substâncias tóxicas; compramo-lo porque queremos assistir à televisão.
Do ponto de vista do projeto ecológico, não há sentido algum em adquirir esses produtos para jogá-los fora ao término de sua vida útil. É muito mais coerente adquirir os serviços desses produtos, ou seja, alugá-los ou arrendá-los. O produto continuaria sendo propriedade da fábrica; quando não quiséssemos mais um produto ou quiséssemos uma versão mais nova, o fabricante tomaria de volta o produto velho, reduzi-lo-ia a seus componentes básicos - "os nutrientes técnicos" - e usá-los-ia para a fabricação de produtos novos ou para vender a outras empresas. A economia resultante não seria mais baseada na propriedade dos bens, mas seria uma economia de serviço e fluxo. As matérias-primas e componentes técnicos industriais circulariam continuamente entre os fabricantes e os usuários, bem como entre as diversas indústrias.
...(Nesta economia denominada serviço e fluxo) os fabricantes precisam ser capazes de desmontar facilmente os seus produtos a fim de redistribuir a matéria-prima. Esse fato terá efeitos notáveis sobre o projeto dos produtos. Os produtos de maior sucesso serão os que contiverem um número pequeno de materiais e cujos componentes possam ser facilmente desmontados, separados, recondicionados e reutilizados....Quando isso acontecer, a oferta de trabalho (para a desmontagem, a separação e a reciclagem) vai aumentar e a quantidade de resíduos vai diminuir. Assim, a economia de serviço e fluxo se apóia menos sobre o uso de recursos naturais, que são escassos, e mais sobre o uso de recursos humanos, que são abundantes.
Outro efeito dessa nova concepção de projeto será a harmonização dos interesses dos consumidores e dos fabricantes no que diz respeito à durabilidade dos produtos. Numa economia baseada na venda de bens, a obsolescência e a substituição freqüente dos bens atende aos interesses financeiros dos fabricantes, muito embora prejudique o meio ambiente e saia caro para os consumidores. Numa economia de serviço e fluxo, por outro lado, interessa tanto aos fabricantes quanto aos consumidores que se criem produtos duráveis, com um uso mínimo de energia e materiais".

Trechos do livro As Conexões Ocultas, de Fritjof Capra. Editora Cultrix

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