quinta-feira, 26 de julho de 2007

Os agitadores saem da toca

Parece 64. Não, não sou tão velho assim, mas já li muito e adoro História. Naquela época organizações como IPES/IBAD criadas pela elite tupiniquim, entenda-se empresários, mídia conservadora e políticos à direita e os oportunistas de sempre, tinham como objetivo desestabilizar o regime democrático no país e criar as condições para o golpe militar, o que acabou acontecendo e lançou o Brasil nas trevas. Mais tarde, parte da mesma elite criou a até hoje ainda mal-esclarecida Operação Bandeirante, praticamente um grupo paramilitar de combate aos esquerdistas e oposição.

Pois bem. Pouco mais de 40 anos depois e lá vem a mesma tática. Leio na coluna da Monica Bergamo na Folha que empresários, banqueiros, mídia etc estão se reunindo para iniciar um suposto movimento cívico...Mesma conversa fiada da época do IPES/IBAD e quem sabe com os mesmos propósitos obscuros. Vale uma leitura de artigo publicado na revista História Viva e que conta como a elite brasileira articulou o golpe de 64. Vejam as semelhanças...

O pior de tudo é ver associações assistenciais ou ONGs envolvidas nisso. Talvez o pragmatismo de se juntar aos poderosos para conseguir ajuda financeira explique esta posição, mas para mim isso é como vender a alma ao demo. O mais inacreditável é que muitos que hoje tocam estes projetos sociais viveram 64 e estavam do outro lado das barricadas.

Enfim, vamos ver até onde vai este circo. Se a história se repete, como já disse alguém, é bem provável que vejamos este triste filme mais uma vez. Abaixo as notas publicadas na coluna da Monica Bergamo e que tratam do tal movimento cívico da elite deste país. Não, não tinha nenhum torneiro mecânico entre os presentes...

Moral e cívica
Representantes da Fiesp, de bancos, de publicitários e de alguns meios de comunicação fizeram reunião anteontem no escritório do empresário João Doria, em SP, para finalizar o lançamento de um "Movimento Cívico" no Brasil. Preocupados com a possibilidade de se colocar frontalmente contra o governo Lula - ou, como diz o informe produzido por um dos presentes ao encontro, "para evitar conotações políticas"-, ficou decidido que a única entidade que assinará a campanha será a OAB.
As propostas do já batizado "Movimento Cívico" são: marcar um minuto de silêncio para o dia 17 de agosto, um mês depois da tragédia de Congonhas; elaborar peças publicitárias para TV e rádio, convocando as pessoas para o ato com frases como "cansei de corrupção", "cansei de apagão aéreo", "cansei de bala perdida"; criar blog de protesto na internet.

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