domingo, 24 de junho de 2007

Lutar pelo clima

O ex-vice-presidente americano Al Gore continua afiado em sua luta contra o aquecimento global. Ele propõe que se economize o dinheiro que está sendo gasto na intervenção militar no Iraque para combater o efeito estufa. Alerta que o derretimento do gelo na Groenlândia teria um impacto muito maior sobre Manhatan do que o 11 de setembro. Ironiza a pretensão de colonizar outros planetas enquanto mal conseguimos salvar New Orleans de um furacão. Ele lembra ainda que os países mais pobres, principalmente na África e na região amazônica, serão os mais prejudicados se nada for feito para conter a escalada de calor em nosso planeta. Veja abaixo a íntegra da nota divulgada pela agência EFE:

Al Gore diz que luta pelo clima é tão importante quanto antiterrorismo


BARCELONA - O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore declarou neste sábado em Barcelona que a luta contra a mudança climática é tão importante quanto combater o terrorismo e propôs que o dinheiro gasto na Guerra do Iraque seja empregado na defesa do meio ambiente.

"O terrorismo não é a única ameaça. Caso uma parte da Groenlândia se derreta, os efeitos sobre Manhattan seriam muito piores do que o atentado de 11 de setembro de 2001", afirmou o ex-vice-presidente democrata, enquanto mostrava um gráfico de como as águas invadiriam Nova York.

Para Gore, "lutar contra a mudança política não é só uma questão política, é uma questão moral". Segundo ele, o ser humano está diante de uma verdadeira grande guerra.

"Nossa civilização contra a Terra", acrescentou.

"Não é uma questão política. É uma questão ética. É moral. Se permitirmos isto, o dano ao planeta será tão grande que destruiremos cegamente nossa civilização e o futuro de nossos filhos. Temos de mudar", afirmou o autor do documentário "Uma Verdade Inconveniente".

"Estamos queimando combustíveis fósseis a um ritmo que fará com que, em menos de 45 anos, os níveis de CO2 dobrem, o que, segundo a comunidade científica do mundo, seria uma catástrofe", disse.

Al Gore participou do I Encontro Internacional de Amigos das Árvores, que terminou hoje em Barcelona e que promove a iniciativa de plantar 100 milhões de árvores na Espanha para frear a desertificação.

"Plantar árvores não é a única solução, mas é parte da saída para a crise climática", disse o político americano ao apoiar a iniciativa espanhola.

Gore destacou a atual situação de diferentes geleiras, além de casos como as neves do Kilimanjaro e as coberturas árticas, que estão desaparecendo por causa do aquecimento global.

A crise ambiental leva "ao desaparecimento de enormes massas de gelo do Himalaia, o que poderia ameaçar rios como o Ganges ou o Amarelo. A cordilheira é fonte de recursos para 40% da população do mundo", afirmou o ex-candidato democrata à Casa Branca.

Na opinião de Gore, "não se pode falar de ciclo, como fazem alguns céticos, já que temos nesta época os níveis mais altos de CO2 dos últimos mil anos".

Em sua extensa palestra, defendeu uma ação conjunta para conter a mudança climática.

"Os dez anos mais quentes estiveram entre os últimos 14 e no mesmo tempo se aqueceram também as águas dos oceanos. Tudo isto, segundo alguns cientistas, provoca fenômenos extremos como ciclones, furacões ou tornados, que aumentaram sua potência em 50% por causa do aquecimento global", segundo o ex-vice-presidente.

"Depois do Katrina em Nova Orleans, quase 150 mil cidadãos não puderam voltar a suas casas, e me envergonho de como esta crise foi administrada. Muitos pensam que com o Katrina começou o período das conseqüências do aquecimento global", afirmou.

"Não podemos falar de colonizar outros planetas quando somos incapazes de esvaziar Nova Orleans", ironizou Gore em sua conferência.

Para o ambientalista, só será possível lutar contra a destruição em escala global se os Estados Unidos assinarem o Protocolo de Kyoto e houver uma ação internacional contra o aquecimento do planeta.

As companhias de seguros perderam juntas US$ 1 bilhão pelos desastres naturais e, após afirmar isto, Gore destacou as regiões que correm mais perigo, entre elas a África e a Amazônia.

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