segunda-feira, 23 de abril de 2007

Um artigo...

Merece uma leitura atenta o artigo do deputado José Aristodemo Pinotti sobre o aborto. Ele é um dos mais respeitados ginecologistas do pais e ex-secretário de saúde do Estado de São Paulo. Portanto, sabe do que está falando e traz posições muito ponderadas e sensatas em relação ao tema. Algumas delas:

"NINGUÉM em sã consciência é a favor do aborto, muito menos eu. Ser a favor da descriminalização do aborto não é ser a favor do aborto. Aliás, a descriminalização do aborto é um caminho para controlá-lo, diminuir sua incidência e também as mortes por ele causadas quando provocado em condições inadequadas que fizeram da mortalidade materna em adolescentes, no Brasil, uma das maiores do mundo.
Se existe algum criminoso responsável por um aborto, seguramente não é a mulher que o pratica. Em 50 anos de vida profissional não conheci sequer uma mulher que engravidou pelo prazer de abortar, mas posso apontar uma série de políticas distorcidas, de equívocos e displicências do poder público que levam criminosamente à tragédia do aborto provocado e outras conseqüências dramáticas da gravidez indesejada. A falta de educação reprodutiva nas escolas, a deseducação causada pela televisão e a não disponibilização de metodologias anticoncepcionais eficientes nos postos de saúde são algumas delas.
Todos esses desmandos são jogados para debaixo do tapete e se criminaliza, com falso moralismo, as mulheres que, em ato de desespero, o praticam."

" Portanto, festejo e apóio a coragem do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, de tirar esse tabu do armário e colocá-lo em discussão preparatória de um plebiscito, pois ela não se restringirá às questões fundamentalistas, mas trará a público as causas (evitáveis) do aborto e seus verdadeiros responsáveis.

Chegar-se-á a uma conclusão: esse projeto deve ser acompanhado (o certo seria que fosse precedido) de ampla reformulação na atenção primária para que as mulheres possam encontrar, nos centros de saúde, fácil acesso e bom acolhimento, atendimento ginecológico integral que ofereça a cada uma o melhor método anticoncepcional, inclusive esterilização masculina e feminina, procedimentos legalizados desde 1995, mas não realizados pelos hospitais públicos.
Se a proposta de descriminalização não vier acompanhada dessas medidas, se estará fazendo do aborto um método de planejamento familiar ou, o que é pior, de controle da natalidade e, nessas condições, não faz sentido sequer termos um plebiscito."

Leia a íntegra do texto publicado na Folha de S. Paulo (só para assinantes)

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